As
bandas de música são formadas com finalidades diversas. Se militar, contribui
para cadenciar em ordem-unida os passos das tropas em desfile.
Nesta proposta, segundo o 3º sargento reformado, da cidade de Monte Alegre-RN,
Júlio Gonçalves da Silva, existiu em Mossoró nos anos 60 e 70, uma Banda
Marcial pertencente ao 2º Batalhão de Polícia Militar da 1ª Companhia do RN,
localizado na Praça Antônio Gomes, nº 514, Centro, onde hoje funciona o Museu
Municipal de Mossoró Lauro da Escóssia.
Cabo Júlio, como é mais
conhecido, engajou na gloriosa Polícia Militar em 2 de julho de 1962.
Inicialmente prestou serviços em Natal-RN, mas, por trabalhar mais que o
esperado, desejou migrar para Mossoró, pois, ouvia que esta cidade era pacata.
Na primeira oportunidade de permuta, pediu sua transferência e logo foi
atendido pelo comando da PM. Chegando a Mossoró, fez parte do quadro do 2º BPM,
onde encontrou uma Banda Marcial em atividade com o número de oito componentes.
Após dois meses de sua chegada, o soldado de São José de Mipibu-RN, Altino
Francisco do Nascimento (Sd Altino), coordenador da Banda Marcial do Batalhão,
precisou de um músico para tocar tambor-surdo, e o convidou. Mesmo sem
experiência musical, aceitou o desafio e sob orientação de Altino, de quem se
tornou amigo e admirador, logo aprendeu a percutir no instrumento. Sobre como
se deu a organização desta banda, Julio não tem informação, contudo, acredita
ter sido formada pelo saudoso cabo Altino, como ficou mais conhecido. “Tudo
quanto ele fazia era certo”. (lembrou cabo Julio).
Os ensaios aconteciam de
segunda a sexta nas ruas próximas ao quartel e eram coordenados pelo corneteiro
Altino. Este aproveitou as cornetas em afinações diferentes para inserir no
repertório o Hino Nacional Brasileiro. Isto, para atender solenidades tanto do
Batalhão: Dia do Soldado, em 25 de agosto, Dia da Independência, a 7 de
setembro e o Dia da Bandeira, em 19 de novembro, quanto do município: Dia da
Libertação da Escravatura Mossoroense, em 30 de setembro. Durante os desfiles,
os toques eram iniciados por Altino.
Certa vez, a banda viajou a
Pau dos Ferros-RN para recepcionar numa solenidade o então governador Lavoisier
Maia. Noutra oportunidade foi a Assu-RN com a finalidade de abrilhantar a festa
de Emancipação Política.
Alguns componentes e seus
respectivos instrumentos lembrados por (4) Julio aparecem na foto: (1) Raimundo
Laurentino – tarol, (2) José Joaquim – Cornetão, (3) Raimundo – bombo, (5)
Horácio – corneta, (6) Altino – corneta/coordenador, e Sobrinho – corneta.
Neste tempo, a direção do 2º
BPM estave sob o comando do capitão Bezerra, que no tempo determinado foi
promovido a major e ficou mais conhecido como Major Bezerra. Este sempre deu o
apoio necessário à fanfarra, tanto pessoal quanto de reposição instrumental.
O inusitado nesta época foi
um carneiro ser criado no quartel e servir de mascote da Polícia Militar em
Mossoró. O animal era adestrado e acompanhava a banda nos desfiles, caso ela
parasse ele parava, se marchava, ele a seguia. “Aonde eu (Julio) parava, ele
parava do lado”. (risos).
Em 1976, quando o Batalhão
foi instalado no atual endereço, avenida Aldemir Fernandes, bairro Aeroporto, o
Governo do Estado formou uma banda de música com instrumentos temperados, entre
eles: saxofone, clarinete, trompete, trombone, etc. Consequentemente, a Marcial
não foi mais requisitada e acabou. Por isto, os marciais foram destacados para
locais diversos, o cabo Julio para Serra do Mel-RN. Este, aos cinquenta anos
saiu para reserva reformado 3º sargento, entretanto, não deixou a farda, passou
a integrar a Guarda Patrimonial do RN, na qual trabalhou na Penitenciária
Agrícola Dr. Mário Negócio-PAMN, posteriormente no Fórum Dr. Silveira Martins.
Outras contribuições do cabo
Altino no cenário cultural local, as tenho registrado e bem claras na minha
memória. Uma delas foi formar a Banda Marcial da Rede Municipal de Ensino nos
anos setenta, outra ao integrar orquestras de frevos do saudoso maestro
Dermival Pinheiro, na qual executava belas clarinadas durante os bailes de
carnaval. Julio Gonçalves lembrou ainda, que durante a carreira militar, Altino
tentou fazer curso para sargento, porém, não lhe deram oportunidade. Quando
concluiu seu tempo na polícia, foi reformado com a patente de cabo, no entanto,
permaneceu trabalhando de farda e com a corneta ao assumir a coordenação da
Fanfarra do Tiro de Guerra - TG 07-010. (concluiu). Nesta fase, em 1984, tive a
satisfação de conhecê-lo ao prestar o Serviço Militar no TG, bem como a
oportunidade de aprender a tocar cornetão sob sua orientação.
Marcos Batista
Músico da Banda Municipal Artur Paraguai, professor de Música da Escola de
Artes de Mossoró e especialista em educação musical
FONTE - O MOSSOROENSE
OBSERVAÇÃO: O CABO JÚLIO GONÇALVES DA SILVA, NATURAL DE MONTE ALEGRE-RN, NASCIDO EM 1937, FILHO DE CECÍLIA GONÇALVES DA SILVA, FAELECEU EM MOSSORÓ-RN, NO DIA 7 DE AGOSTO DE 2015